SONETO
Vou abrir as cortinas. Quero ver a claridade
Entrar por aquelas janelas, hoje envelhecidas,
Resguardadas do calor e de toda frialdade.
Quero sentir o perfume das flores coloridas,
Ver o vento entrar pelas janelas e sair pelas portas,
Ouvir os pássaros bem mais perto cantar;
Arrancar todas as folhas velhas e mortas,
Sacudir todo o pó, deixando a vida entrar.
Quero ver tintas frescas nas paredes
Tapando o cinza com cores alegres e verdes
Pintar as janelas todas de brancas, a cor da paz.
Colocar roupas novas, olhar no espelho o meu rosto,
Sentir minh'alma confortada, aceitar com gosto
Esse desejo imenso de me despir sem olhar para trás.
DIONÉA FRAGOSO