Soneto Dos sentidos
A voz cega da lei enxerga o odor,
Os lábios surdos escutam o horror,
Os olhos mergulham no poço da agonia,
Enquanto o nariz beijava, O amor morria.
Se pensas que o grito é dor,
A lei logo te chama de infrator.
Uma cicatriz fria, corrosiva da carne viva,
Marcado pelo riso pobre da pele vadia.
Se o açucar é a essência do afeto,
O doce é separado por lágrimas sem teto,
Para o tempo chorar sutilmente no deserto.
A chuva cai entre cores,
Refazendo um sol nobre,
Distribuindo luz para o pobre.