VINDIMAS AZEDAS

Esse travor na boca que tanto me embarga

Vomita mostos e acidezes letais

Provindo de uma colheita de casta amarga

De um solo donde raízes rastejam ais.

Amarga-me o tinto e o que sinto me engasga

Servem-me um néctar azedado e espumoso

Que tão logo que eu sorvo a garganta se rasga

Vindimas colhidas de um terreno ardiloso.

O sol que viera prometeu-me doçura

As ramas fecundas se encharcaram de bagos

Prometia uma safra de grande fartura.

A cantina se encheu retinta de esperança

O aroma que vinha embriagava o meu baco

Mas malgrados barris azedaram a festança.

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 09/09/2011
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