DE NADA
 
Em meio século de nada feito,
Toda semeadura deu-se em vão,
Estéril, infecunda, sem proveito,
Improdutiva vida, infértil chão.
 
Linhas vazias de um velho caderno,
Amarelado e de folhas em branco,
Nada de novo, nada de moderno,
Nada de doce ou terno ou meigo ou franco.
 
Foram-se décadas plenas de nada,
Passos perdidos numa velha estrada,
De um existir sem vida, um ser sem jeito.
 
Do que tentei deixar restou falido
Um livro nunca escrito e jamais lido
Em meio século de nada feito.
 
Oldney Lopes©