O ÚLTIMO FRACASSO
 
Bebo da vida o fel que eu mesmo colho,
Sinto nas mãos o cravo atravessado,
Que eu mesmo por desdita hei cravado
Por impingir-me a lei do olho-por-olho.
 
Levo nas costas dores desvairadas,
Lancinantes, agudas, tormentosas,
Porque colho os espinhos, deixo as rosas,
E às carícias prefiro punhaladas.
 
Aguardo pela morte que já veio,
Vou digerindo cada gole do amargor
Das torturas, da tormenta e da dor.
 
Carrego ao peito angústias e receios,
Reprovando o que sinto e o que faço,
Amargando meu último fracasso!
 
Oldney Lopes©