Soneto XVII

Se tens saudades dos sonhos olvidados

e, túrbido, te consome teu coração

resserrado e verte as tristuras do passado,

de que profundo sorvedouro vem essa aflição?

Se tua doce lira jorra versos perolados

numa quentura luminar, sem contenção,

e arvorejam-se em tu’alma serafins apaixonados

onde retouçam em total contemplação...

Se eu conseguisse te mudar num rouxinol

e esconder-te entre a rama lisonjeira

só pra ver-te cantar os teus amores...

Decifraria os mantrans do teu sutil bemol,

e os dissonantes que toquei a vida inteira

seriam poucos para cantar-te meus louvores.

Chaplin
Enviado por Chaplin em 17/12/2006
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