ESPINHO
 
Eu sou o homem que incomoda e lesa,
E sulca corações como uma fresa,
Sou ponta lancinante entre entidades,
Sou fel que voga na docilidade.
 
Eu sou o espinho que agrilhoa as almas,
Vou arranhando e esfolando palmas,
Ferindo as mãos que incautas tangem flores,
Machuco e incomodo e causo dores.
 
Não há quem por mim passe e saia são
Sem que leve além de um susto, um arranhão,
Um furo, um rasgo, um corte bem profundo.
 
Assim me sinto entrave nos jardins,
Pois entre lírios, rosas e jasmins
Vou machucando e incomodando o mundo.
 
 
Oldney Lopes©