Pulando do penhasco
Maculado o que sinto, do espelho me afasto
Sem repasto desisto da inútil porfia
Ar solene rebate o motivo não casto
Só me resta esvair pela rima em poesia.
Fosse nobre o motivo não hesitaria
Dormitar abrigada sob a sedas do emplasto
Em palavras fugazes aos céus renderia
Sinfonias, oráculos, nunca a fuga e esse asco.
Mas o horror e esse abraço da cruel letargia
Que me prendem sem fim, sob gélido casco
Em veneno transformam a beleza do dia
Não, não posso e queria semear a alegria
Semear o planeta com o sonho, euforia
Mas despenca senil, meu querer do penhasco.