Pulando do penhasco

Maculado o que sinto, do espelho me afasto

Sem repasto desisto da inútil porfia

Ar solene rebate o motivo não casto

Só me resta esvair pela rima em poesia.

Fosse nobre o motivo não hesitaria

Dormitar abrigada sob a sedas do emplasto

Em palavras fugazes aos céus renderia

Sinfonias, oráculos, nunca a fuga e esse asco.

Mas o horror e esse abraço da cruel letargia

Que me prendem sem fim, sob gélido casco

Em veneno transformam a beleza do dia

Não, não posso e queria semear a alegria

Semear o planeta com o sonho, euforia

Mas despenca senil, meu querer do penhasco.

ANA MARIA GAZZANEO
Enviado por ANA MARIA GAZZANEO em 05/09/2011
Reeditado em 05/09/2011
Código do texto: T3202054