Das antigas, com JRPALACIO
Te remeto, sem envelope, um abraço
E não mais caço a vontade de ver-te.
Destarte, nada mais te repasso,
Disfarço o passo que o fato consiste.
Se existe o fato que de fato é triste
E assiste ao ato que em comédia desfaço,
Trespasso o juízo que não quer seguir-te;
Atente ao não que te mando no verso.
Um brinde na taça sem vinho, vinagre
E não trague ou respire o que sobrou de nós.
O após já chegou e já não há milagre,
Tão salobre o verso perdeu-se da voz.
Esquilo sem noz! Vou mentir-lhe o refrão...
No alçapão se prendeu, amor foi em vão.
Recebo o teu abraço displiscente
Confesso que me deixa bem contente
Saber que mentes e ao fim me acho
No abraço que é pra mim, no qual me encaixo.
Ainda existe afeto e une o laço
Que eu pensara já, longe no espaço
Não obstante ao não no entreverso
O teu desdém se acaba no reverso.
Por entre as entrelinhas a verdade
Sarcasmo a mascarar o sentimento
Que existe e que reluz em poesia.
Não sabes que me enche de alegria
Saber que em ti ainda, o amor, alento
Na glosa dessa noz, dor da saudade.
JRPALACIO E ANA MARIA GAZZANEO