Das antigas, com JRPALACIO

Te remeto, sem envelope, um abraço

E não mais caço a vontade de ver-te.

Destarte, nada mais te repasso,

Disfarço o passo que o fato consiste.

Se existe o fato que de fato é triste

E assiste ao ato que em comédia desfaço,

Trespasso o juízo que não quer seguir-te;

Atente ao não que te mando no verso.

Um brinde na taça sem vinho, vinagre

E não trague ou respire o que sobrou de nós.

O após já chegou e já não há milagre,

Tão salobre o verso perdeu-se da voz.

Esquilo sem noz! Vou mentir-lhe o refrão...

No alçapão se prendeu, amor foi em vão.

Recebo o teu abraço displiscente

Confesso que me deixa bem contente

Saber que mentes e ao fim me acho

No abraço que é pra mim, no qual me encaixo.

Ainda existe afeto e une o laço

Que eu pensara já, longe no espaço

Não obstante ao não no entreverso

O teu desdém se acaba no reverso.

Por entre as entrelinhas a verdade

Sarcasmo a mascarar o sentimento

Que existe e que reluz em poesia.

Não sabes que me enche de alegria

Saber que em ti ainda, o amor, alento

Na glosa dessa noz, dor da saudade.

JRPALACIO E ANA MARIA GAZZANEO

ANA MARIA GAZZANEO
Enviado por ANA MARIA GAZZANEO em 04/09/2011
Código do texto: T3199540