CRUEL INIBIÇÃO
INIBIÇÃO CRUEL
O espelho do meu “eu” mostrou-me a decadência,
triste, em rugas, lugubresca realidade!
A decadência da humana fragilidade;
seja, embora, o sangue, de ágil efervescência.
Executa a melodia do amor/vaidade;
qual se te fosse dada nova adolescência,
ama, teu coração entrega sem decência;
tua alma te implora, doa-lhe esta vontade.
Mas oh corpo! De expor-te nu estás inibido,
ao lado do monumento vivo da paixão,
embora as derradeiras gotas da libido.
Dá-te força, não penses que tudo é ilusão;
não é um ato desprezível nem indevido,
se a alma ama, faça amor também o coração.
300811 – Afonso Martini