Fugido
Ó cálido fulgor que desce de minh'alma,
Por que teima em nascer o sol em mim?
Se quando talho meu versejo em marfim
Me bate forte à face e me acalma!
Ó nascente de ouro que se esvai sem fim
Num mundo perdido em minha palma
Que me diz que rumo leva à calma
Onde o encontrarei, sóbrio, enfim...
Lá vai meu Eu, a verter sangue da dor,
Que deságua lá no fundo, lá no fundo...
E me fere no mais ínfimo, no profundo
Que é de onde se refulge todo o ardor
Do meu pobre coração - pobre! - no mundo
Aonde se vai, e nunca mais, o amor.