XX LVI
Não vês inspiração nos versos meus,
Não vês o Amor que tanto quero e sinto,
Renegas os poemas que são teus
Dizendo, sem saber, que neles minto...
Tão enganada estás... O teu adeus
Encheu de poesia meu recinto,
Enquanto escrevo para ti, só Deus
Sabe, de ti, o quanto estou faminto...
Se não vês mais beleza no que escrevo,
Certamente escrever eu não mais devo,
Se quem me inspira não percebe mais...
Mas embora não vejas mais com gosto,
Estes versos são lágrimas do rosto,
Que tu não secarás jamais... Jamais...