AO RELENTO
 
Rejeitado como um cão vadio
Ao relento vou vagar tristonho
Recolhido n'algidez, suponho
Dormirei de coração vazio
 
Nestes olhos tem nascente um rio
Que conduz dilacerado sonho
Embebido em amargor medonho
Um clamor ao teu ouvido envio
 
Vozes d'alma bradam, minh'amada:
Tua ausência fere feito espada
Sem carinhos, lastimoso fico
 
Extermines essa dor aguda
Se voltares, meu semblante muda
De sorrisos deixarás mais rico