A OBRA AO LADO
Ao despertar a alva com murmurejos oblatados
Dos operários açodados e madrugadores,
Ao lado a construção grita assanhada horrores,
Enxadas, pás e concretos chocalham nos eirados.
O sono inda nas pálpebras pesando encalecido
A luz da aurora fulgidia e o calor solar aquece
Pujante nos poros azucrina a letargia que fenece,
O romper do dia espanta o suspiro falecido.
A voz dos pedreiros que simplórios conversavam,
Pouco alta, muito inocente, pouco se calavam,
Eram tão puros eles quanto o nascer d´aurora.
Não foi mais o canto do bem-te-vi ouvido,
No seu lugar o barulho ruinoso do martelo batido
Na obra ao lado que me acordou canora.
(YEHORAM)