PRISÕES DE TAIPA
Por aqui, há um tempo descíamos felizes;
Hoje viajamos retidas pelas barragens,
São tão lentas e tristes as nossas viagens,
São mesmas as paisagens e iguais as matizes.
Brincávamos de nos esconder com dourados,
Pelos remansos nós fazíamos cirandas
Depois descíamos pelas cascatas brandas
Dançando com vestidos de estrelas bordados.
Às noites borbulhávamos taças de brumas,
Aos suruvis oferecíamos com salvas,
Éramos mais alvas nos debruns das espumas.
Ora, a espera, de angústia e de ânsia nos tinge,
Aprisionadas aguardamos rolar em gotas
Nesse enorme bacio que dançar nos restringe.
(lamento das águas do Rio Uruguai)