*** A FERIDA ***

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Ouço do mar a triste canção, densa,

Aquela que remói minha lembrança,

Vinda d’alvo dilúculo, imensa,

A invadir meu ser, pois, já m'avança!...

Uma canção de lástimas, agruras,

No seio da minh’alma, lastimante,

Em tons agudos, altos, d’amarguras,

De desgostos profundos, lancinantes...

Quebram as ondas, árduas, embatidas,

Pelas pedras, nas rochas desta vida

Que insiste em me ter sobrevivido...

Ah, quisera poder ser a ferida,

A chaga incurável, tão prurida,

Do que esta canção eu ter ouvido!...

Aarão Filho.

São Luís-Ma, 25 de agosto de 2011

Aarão Filho
Enviado por Aarão Filho em 25/08/2011
Reeditado em 25/08/2011
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