SEMPRE QUE PASSAS

Passas na rua, e esse deus malvado

Atira-me uma flecha ao coração.

Eu fico tenro, o rosto desmaiado;

Parecem levitar meus pés do chão.

Tremem as mãos, e a fala já não sai,

E o pensamento muda a direção,

E ainda fico assim quando te vais,

E o próprio deus, depois, tira o ferrão,

E leva-me ao veneno do desejo,

E eu fico a pensar: Se eu te beijasse,

Que gosto eu sentiria no teu beijo?

Depois foge o efeito da hipnose,

E quando já estou quase refeito,

Atinge-me ele, então, com outra dose.

Geraldo Altoé
Enviado por Geraldo Altoé em 14/12/2006
Código do texto: T318206