SEMPRE QUE PASSAS
Passas na rua, e esse deus malvado
Atira-me uma flecha ao coração.
Eu fico tenro, o rosto desmaiado;
Parecem levitar meus pés do chão.
Tremem as mãos, e a fala já não sai,
E o pensamento muda a direção,
E ainda fico assim quando te vais,
E o próprio deus, depois, tira o ferrão,
E leva-me ao veneno do desejo,
E eu fico a pensar: Se eu te beijasse,
Que gosto eu sentiria no teu beijo?
Depois foge o efeito da hipnose,
E quando já estou quase refeito,
Atinge-me ele, então, com outra dose.