A pior solidão é a do ser que não ama.

Perpassam em mim multidões tépidas

Vago em ermo, em eflúvios confundida

Sinto-me só, sôfrega alma esquecida,

Que insiste em ouvir, sem ser escutada.

Caminho sozinha por esta estrada,

Banhando -me da noite enluarada,

Que destrói o véu diáfano em que é retida,

Para poder renascer libertada.

Venusta Lua! Quero em ti transformar-me

Solitária vagar pelo céu triste

Na certeza de haver um sol a amar-me.

Que pior solidão, no mundo, não existe,

Do que não ter no inverno frio a aquecer-me

A chama de uma paixão que persiste.