Soneto da Porta
"Aonde vais tão sozinho?", perguntou
Certo dia uma porta para mim.
"Vou à frente, à procura dos confins
Da existência, explorando, como um grou,
Cada parte do mundo - livre! Sou
Um morador do vento, e no jardim
Da vida só me nutro de amorim,
E bebo da paixão de quem já amou."
Ouvindo-me atenta a porta esteve,
Sem mudar da aparência - tão sisuda -
Que fez de meu discurso um tanto breve.
Então, talvez tomado de uma aguda
Dúvida, como aquele que se deve
Não sabe, entrei na porta audimuda.
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