Cortejo


Oculta sob a brancura do véu rendado
Fina tez esmaecida de toque aveludado
Lábios semiabertos esboçam um sorriso
Nítida felicidade a  conquista do paraíso


Nas mãos o único bem em vida herdado
O antigo rosário de  pérolas desbotado
Adornas indiferentes  mãos entrelaçadas
Ocultas  sob as  brancas luvas acetinadas


Os sinos da capela repicam tristonhos
Cerram o esquife e com ele os sonhos
Pétalas amareladas salpicam o epílogo


Ouve-se o barulho  das pesadas cordas
Que sem dó descem a urna envernizada
Diante dos aplausos das faces mascaradas.


Ana Stoppa

 

 


 
Ana Stoppa
Enviado por Ana Stoppa em 24/08/2011
Reeditado em 24/03/2013
Código do texto: T3178658
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