FALTA
Por que te vais de mim, aflito encanto?
Não guardo mais teu ouro, teu castelo...
Então meu riso afoga em tanto pranto!
A minha vida amarga o doce anelo!
Por que te enegreceste, firmamento?
Prendeste minha estrela em teu asilo
de noite em vão, sombria, em banimento,
com mágoa em agudíssimo sibilo!
Não sabes que eu só sei viver nós dois?
Que não sei quem vem antes ou depois?
Respiro de sorver a tua paz...
Sem ti, se envenenados os teus rios,
vou me acabar nos secos e vazios
da falta tão letal que me farás!