TÉDIO
Acordei um dia pela manhã,
uma coisa estranha descobri enfim,
não havia ninguém diferente na terra,
todas as pessoas eram iguais a mim.
Numa multidão, feito imagens no espelho,
era somente eu toda aquela gente.
Que coisa horrível, seres replicados,
a mais perfeita cópia do corpo e da mente.
No desespero logo veio o tédio,
subi ao andar do mais alto prédio,
na ânsia de ver tudo consumado.
Quando olhei para baixo, dilacerado e torto,
entre a legião de seres, eu clonado,
estava ali parado me olhando morto.
Saulo Campos
Itabira MG