SURRA
Queimando em tua estrela reluzente,
torturo o meu afago brando e pleno...
Onde se esconde o riso tão sereno,
primaveril, do nosso amor nascente?
Atiras em meu cerne o olhar ausente,
vazio e indiferente ao meu aceno
que implora pelo teu antiveneno,
mas ante tal descaso, cai dolente.
Espraio em tuas raspas de atenção
meus restos de honradez e de decência,
enquanto os meus apelos tu empurras.
E quanto mais me escapas pela mão,
maior se torna a minha dependência
ferindo meus carinhos nestas surras.