MARTÍRIO
Aninhei-me ao vagar do padecer...
Gota a gota, a beber seus amargores,
vou aguando meus dias sem verdores
nos terrenos estéreis do viver...
Lentamente, nas horas claudicando
sob o peso da vida em desamor,
maculando meus céus de treva e dor...
Nunca mais as estrelas cintilando...
A fincar sua garra na ferida
infectada da sina combalida
me domina, letal, a vil rotina...
E nas plagas de rotas sempre esquerdas,
eu e as pragas de tortas, lentas perdas
aguardando o fechar desta cortina...