I Soneto a Orfeu (Rainer Maria Rilke)
Lá cresceu’uma’árvore: ó, ascensão pura!
Eis: Orfeu canta! A’árvore’alta no ouvido!
Tudo calou; no’entanto, já na quietura,
começou’um começo, chispa, redivivo.
Seres de tranquilidád’ na mata’escura
clara’ociosa’afora’a circular em ninhos;
dava se’ali que’eles, nem por agressivos,
nem por medo, se moviam sem barulho.
Por que'então? Porque’ouviam! o rugir, gritar,
lhes saía leve do peito. Mas então,
lá'onde havia'alguma caverna de guarí-los
- uma gruta feita de’anseio afligido,
com uma entrada, cuja cerca’inda vibrava -
ali fizeste-lhes um Templo de audição.