PERDAS
Constantemente, peno as brutas mortes
de meus valores, crenças e esperanças.
Saio juntando ossadas, seus recortes,
tentando revivê-los das matanças.
Porém me engesso no concreto forte
de um desviver sem luz, perseverança,
com fome, sede, sem qualquer suporte
que me garanta forças, abastança.
E enfraquecido, às perdas desdouradas,
vou arrastando as pernas necrosadas,
por sobre as tais ossadas do fracasso.
Eu sempre insisto, intrépido, em meu plano
de proteger-me, em sonho, o laivo humano,
mas morro a esganaduras do ar escasso.