PERDAS

Constantemente, peno as brutas mortes

de meus valores, crenças e esperanças.

Saio juntando ossadas, seus recortes,

tentando revivê-los das matanças.

Porém me engesso no concreto forte

de um desviver sem luz, perseverança,

com fome, sede, sem qualquer suporte

que me garanta forças, abastança.

E enfraquecido, às perdas desdouradas,

vou arrastando as pernas necrosadas,

por sobre as tais ossadas do fracasso.

Eu sempre insisto, intrépido, em meu plano

de proteger-me, em sonho, o laivo humano,

mas morro a esganaduras do ar escasso.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 18/08/2011
Reeditado em 06/09/2016
Código do texto: T3166789
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