MARÇO
Surgem março e suas altas marés
invadindo a alma de quem se demora,
a baía cresce sob meus flavos pés,
o sol que me acompanha está indo embora.
Uma chuva forte enegrece o dia
inundando-me a boca, inesperadamente,
e as águas turvas da agitada baía
sobem, sobem intimidando a gente.
Na velha amurada de uns tantos anos
a força d’água, então se mostra grande;
na paisagem somem os casarões antigos,
pelas ruas já não tem mais quem ande;
trovões e raios deixam seus avisos
enquanto a noite devagar se expande.