PÁSSARO VOLÚVEL
Sou volúvel! Permita-me que eu seja!
Pássaro branco sem o pouso certo,
pois teu corpo assim, assim tão perto
dá-me a concessão para que eu seja
inconstante, leviano, infido.
Neste momento, nesta exata hora,
meus olhos lúbricos caem dentro, agora,
de outros olhos que percebo vindo
e como uma bela tentação me segue.
A cada tempo um novo par de seios,
um novo par de coxas a cada instante.
E desse feixe de papoulas pardas
vou guardando a luz inebriante
com a qual me acendo às madrugadas.