O busto de granito
Fui o ronco atroz, prenúncio de procela,
e o broquel da noite atra e sem idade,
que em coquetel de vento e tempestade
brinda eco nas vidraças da janela.
Alquimias de memórias da presença
dos que partiram para não voltar;
lugares vagos na mesa de jantar
e as cadeiras em sua indiferença.
A sala exala um cheiro de hospital
e o cuco do relógio anda tão mal
que já não sai mais nas horas certas.
Sobre o piano, com cortinas abertas,
vejo o busto de Brahms e penso aflito
se não serei eu o busto de granito...