O busto de granito

Fui o ronco atroz, prenúncio de procela,

e o broquel da noite atra e sem idade,

que em coquetel de vento e tempestade

brinda eco nas vidraças da janela.

Alquimias de memórias da presença

dos que partiram para não voltar;

lugares vagos na mesa de jantar

e as cadeiras em sua indiferença.

A sala exala um cheiro de hospital

e o cuco do relógio anda tão mal

que já não sai mais nas horas certas.

Sobre o piano, com cortinas abertas,

vejo o busto de Brahms e penso aflito

se não serei eu o busto de granito...

luca barbabianca
Enviado por luca barbabianca em 15/08/2011
Código do texto: T3161329
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