Como nascem as lendas
O burro sem empurro ele empaca
tanto querer que nele se acumula
no pasto olhava tanto para a vaca
e nunca mais quis pensar na mula
Sabia o risco que corria seu couro
Deslumbrado com a musa do leite
Esquecido do afiado chifre do touro
Perdia-se a divagar em seu deleite
A mula assistia seu sonho em ruína
Perdeu grama para ela que rumina
Arrastava este peso além da carroça
Díspares romances brotaram na roça
Nasceu lenda com a paixão às avessas
Lá se diz que a mula perdeu a cabeça