URBANIDADE
Nos grotões duma mente insana
Vives no mais longínquo outeiro
Caminhas em desatino e, primeiro
Vaga pela noite paulistana
No frio, alucinado, na suja cama
Os papéis e cobertores fuleiros
Já não cobrem teu corpo inteiro
Do frio que não sentes, nem reclama
No asfalto gelado, és invisível
Sem cor nem vida, tens só desprezo
Parte-se qual porcelana
Um dia os simples teus desejos
Teu grito agudo e inaudível
Terão voz na vida urbana.