Relampagos na memória

Nem fecho os olhos e vejo em saudosa visão,

Os lugares que percorri na infância e meninice!

Em mente ouço, Deus, as águas do meu coração,

São do rio parnaíba que se estendem na planície!

Onde, atrás do iate clube, naquele caís, banhava,

Eu e os meus amigos, do querido bairro matinha...

Ficava ali horas... Brincando, pescando! Chorava!

Sabia que um dia, somente teria na memória minha!

Subia a Alameda Parnaíba, ali, o cemitério são José,

Um terreno... Onde ficavam os parques de diversão!

Construiu se o Antonino Freire, instituto de educação!

E todo domingo íamos lá, eu, Beth cabeção e a Mazé.

O Pirajá, onde treinava meu esporte preferido, basket!

Lindo centro esportivo, hoje na mente... Em maquete.

II

Na velha bicicleta Philips de papai, ia por toda a cidade!

Quantas vezes fui ao monte castelo, matadouro e saci...

Poty, até ao parque Piauí eu ia, mesmo em tenra idade!

Mamãe sofria e reclamava de mim pra minha tia Aracy.

Ia pela Rua João Cabral, passando pelo lindo pontilhão!

Chegava até o mercado velho, onde me perdi um dia...

Mas encontrei um saco de moedas espalhas pelo chão!

E cai numa poça de lama... Uuii, Gritei!! Que água fria.

Matinha velha! Velha Matinha... No meu ser eternizada!

Bairro em Teresina, onde vivi feliz nos dias de criança...

Ali alimentava então para toda minha vida a esperança!

Onde quer que o destino me colocasse, serias perolizada!

Ali no número cento e dez... Da Rua padre Acelino Portela...

Ruazinha de chão, casinha de taipa... Que vida feliz aquela!

III

Hoje trago apenas as lembranças, em relâmpagos fugazes...

Que me vêem, sem querer, em clarões de minha memória!

Como se fossem feras demoníacas, devoradoras e vorazes!

Na vil expectativa de uma volta impossível àquela história.

Carrego por todo corpo as marcas e neste triste peito, a dor...

De um menino que cresceu feliz, por onde ia, de onde vinha,

Levava e trazia apenas um simples sentimento, o do amor!

Santa inocencia! Não havia maldade, sei, na minha Matinha...

Não passou muito tempo... Mas parece que foi uma vida!

Meu riso se transformou em lágrima e a alma já foi ferida...

Os cabelos já embranquecendo, a vista mais fraca, os pés...

É tudo muito veloz e não há sequer um lance de revés!

Não volta um segundo que passou... O tempo, a máquina!

Mói vidas, destroça almas, aqui, e na África, em Paquina...

Poeta Camilo Martins

Aqui, hoje, 06.08.2011