SER OU ESTAR
SER OU ESTAR
ah! se o fado me desse a versatilidade
do “ser”, o ego que mais respeito e aprecio;
por despeito, por medo ou por desvario,
logo enfurnei-me no “estar” da maturidade.
triste é matar uma vida por desafio
quando um nobre caráter fala da verdade,
porque o insensato implanta no peito a saudade,
quando o tudo do todo é nobre, mas tão frio.
ai, quem me dera assumir meu nobre fadário!
(no conceito, o infortúnio de amar solidões)
valha-me Deus, até se configura hilário!
mas “estou” drástico, chorando-me sermões
na masmorra do silêncio; triste calvário...
e o “ser” clama por arrebatar corações.
020811 – Afonso Martini