O TREM VAGAMUNDO
De uma casa defronde os montes
Que rachava ao meio uma estrada de ferro,
Conduzia, mormente, os áureos horizontes,
Desvirginava o silêncio num berro.
Na madrugada o conluio noturnal,
Eu embalado num sono profundo;
O conclave dos grilos e do vendaval,
De longe ouvia-se o trem vagamundo.
Frememte eu sintia abalar o chão,
Mas me apaziguava prazeroso, então,
Pois o prazer era ouvir o trem de ferro.
Eu volto ao tempo, a fresca lembrança;
Revivo no seio o leito que ainda balança
E as coisas ruins da vida eu enterro.
(YEHORAM)