Suíte Montandon.
A Tania Montandon.
Olhar cheio de luz na sombra que procuro
Solene cicatriz, a linha que não traço;
Que nunca contradiz o riso que disfarço
E tudo se reduz aos males que não curo.
Agora vejo a cruz de um culto insano e duro
Os votos que não fiz e a servidão do laço
A planta sem raiz e um sol morto no espaço
Na droga que traduz a solidão do escuro.
Sonhar, viver também é um quase pesadelo;
O medo faz saber as náuseas que desperto
O mundo vive zen num girassol vermelho
Tingindo o arrebol como um rito de incesto
Assim vão lua e sol face a face no espelho
E os cacos contam bem a renúncia do gesto.