PESADELO CIRCENSE

Assisto, opaco, ao espetáculo de absurdos,

às cenas cinza deste circo-ardil nefando

e não se assustam mais os meus sensores surdos,

que aos poucos foram se abobando e se apagando.

Então me lançam, de repente, fogo em dardos

a me atingirem corpo e mente, bem no fundo...

E sangro, queimo, preso à jaula de leopardos...

Também me espanca o domador feroz, rotundo...

Vilões, sicários disfarçados de palhaços

com as feições plastificadas de cansaços

trituram, rudes, os meus ossos. Não há dor.

Nenhum ardor em carne e essência, eu me entreguei

ao pesadelo desta vida assim, sem lei.

Eu vou dormir e não me acordem, por favor.