Soneto da Ilusão Saudosa
Tinha o poeta, que hoje eu vi tão de perto,
coração de ouvidos surdos à razão,
mas um dia, cético, da ilusão desperto,
não mais dormiu o sono do amar em vão...
Esse poeta, que hoje espreita decerto
a quimera, da janela estreita e tão
cinzenta da lucidez, foge do incerto
verso que não canta a realização...
Das suas mãos desabitadas de sonhos,
nasce o poema ferido de realidade,
sugando emoção de temas enfadonhos...
Mas, qual poeta se exaure, na verdade,
de toda ilusão?... E talvez de uns risonhos
olhos lhe cresça amanhã nova saudade...
Tinha o poeta, que hoje eu vi tão de perto,
coração de ouvidos surdos à razão,
mas um dia, cético, da ilusão desperto,
não mais dormiu o sono do amar em vão...
Esse poeta, que hoje espreita decerto
a quimera, da janela estreita e tão
cinzenta da lucidez, foge do incerto
verso que não canta a realização...
Das suas mãos desabitadas de sonhos,
nasce o poema ferido de realidade,
sugando emoção de temas enfadonhos...
Mas, qual poeta se exaure, na verdade,
de toda ilusão?... E talvez de uns risonhos
olhos lhe cresça amanhã nova saudade...