Soneto da Ilusão Saudosa


Tinha o poeta, que hoje eu vi tão de perto,
coração de ouvidos surdos à razão,
mas  um dia, cético, da ilusão desperto,
não mais dormiu o sono do amar em vão...

Esse poeta, que hoje espreita decerto
a quimera, da janela estreita e tão
cinzenta da lucidez, foge do incerto
verso que não canta a realização...

Das suas mãos desabitadas de sonhos,
nasce o poema ferido de realidade,
sugando emoção de temas enfadonhos...

Mas, qual poeta se exaure, na verdade,
de toda ilusão?... E talvez de uns risonhos
olhos lhe cresça amanhã nova saudade...


Santiago Cabral
Enviado por Santiago Cabral em 29/07/2011
Reeditado em 31/07/2011
Código do texto: T3126985
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