VAZIO
Eu já suguei da vida todo o sumo
e não encontro mais nenhum dulçor
em frutas rubras, beijos meigos, flor,
sequei seus gostos n'álcool, noite, fumo.
Repito, cego em tédio, o mesmo rumo
seguido em tempos foscos, já sem cor,
de quando eu era um bom navegador,
mas velas gastas não possuem prumo.
Partido, sem as crenças lindas d'antes...
Contando meus pulsares, meus instantes...
Lançando, aos ventos, planos de papel...
Rastejo pelos campos ermos, frios
dos meus sentidos baços e vazios.
E acima destes campos não há céu...