Soneto do Amor Patético

Enamorado devo estar, pois, quando

A tarde vem chegando, eu já me ponho

A esperá-la, como que num sonho,

Passar por esta rua em passo brando,

Tão leve! mais que diáfana flanando!...

E eu cá, devaneando em entresonho,

Mal como, e até o vinho é-me enfadonho;

Não quero embevecer-me que amando!

Se soubesses o ardor que vem-me ao peito

Ao ver-te emoldurada na janela,

Não passavas assim, por mim, tão bela!

Já te trancafiavas, receando

Que, sem querer, um dia se encontrando

Nosso mirar, eu caia da janela!

(www.eugraphia.com.br)

Leonardo Antunes
Enviado por Leonardo Antunes em 08/12/2006
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