METADE DE MIM
METADE DE MIM
Carmo Vasconcelos
A metade de mim é o que hoje vivo:
A pálida laranja, suco gasto,
Não mais a sobremesa do repasto
Nem o prévio e gostoso aperitivo.
A minha outra metade é o que inda espero:
O convexo perfeito e sem desnível
No côncavo que sou, apetecível;
O Yang no meu Yin, com mútuo esmero.
Sob a casca que enruga ao tempo austero,
Sou polpa que arrefece ao estio que escapa,
E só minha esperança, não farrapa,
Aquece os gomos secos que lidero.
A metade de mim é o que hoje vivo,
E minha outra metade é o que inda espero!
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Lisboa/Portugal
24/Fevº/2011
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