FOGO PRESO

FOGO-PRESO

Carmo Vasconcelos

Tenho um poema atado na garganta,

Como uma espinha aguda atravessada,

Cingido ao fogo-preso que o não canta,

Hirta a língua, pla verve não largada.

E a mágoa que bebi, por não ser pouca,

Pela afronta, de fel envenenada,

Traz ressaca de gelo à minha boca,

Pela amarga revolta não gritada.

Porém, se ao rubro a mágoa se agiganta,

Deitada ao gelo, breve é desmanchada,

E porque lisa… a pena já não espanta.

E liquefeito o mote, então sustido,

Corre a mágoa na verve deslaçada,

Esvai-se a espinha, e o poema é engolido!

***

Lisboa/Portugal

Setº/13/2010

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Carmo Vasconcelos
Enviado por Carmo Vasconcelos em 27/07/2011
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