Soneto do Espelho
As figuras que habitam meu espelho
Estão - ao que parece - de mudança.
Ao certo ainda não sei que desvairança
Veio a culminar nesta intriguelha.
Nem mesmo imaginar eu poderia
Que raio de lambança veio a ser
Do nada, de repente. E, sem saber
Qual o motivo dessa antipatia,
Sou obrigado a ouvir os desaforos,
Os impropérios, coices e as pragas
Que esses seres loucos, sem decoro
Algum me vem lançando feito adagas!
E ainda, aumentando o oxímoro,
Para ficar exigem sobrepaga!