O Natimorto
Quando me vi à margem da tolice,
Ladeado apenas pela amargura,
Lançei-me ao lago cuja água é escura:
Pântano este onde está minha velhice.
Assombrado com tanta imundice,
Recorri, de pronto, à água mais pura:
À juventude, fim desta aventura,
Que calou-me do que no início eu disse.
Hei de saber uma etapa por vez!
Não mais porei um ano antes de um mês,
Como fiz no meu calendário torto!
O tempo há de passar, e eu de viver!
A velhice, não posso suceder,
Pois que, então, seria eu um Natimorto!