ENJAULADO

Oh, cruel banimento dos enganos

de inocência pureza de criança

que tingiam-me a vida de esperança

pela crença no bem que flui de humanos.

Passo o dia a matar verdores lhanos

nesta chuva sem fim, de insegurança

que acinzenta meu céu desconfiança,

que devasta, impiedosa, os ledos planos.

Enodoa minh'alma a vil certeza

de que os homens são maus por natureza,

que se afogam no mar de iniquidades.

E me tranco na cela de meus medos,

atascado na dor de meus segredos,

a esperar o porvir por trás das grades.