SOU NATURAL DE LISBOA
Sou natural de Lisboa, terra dos meus amores.
Da minha varanda virada para o Tejo
Aqui nasci espírito impregnado de dores,
Vivi casos com pecados meus de olhar cego.
Sou o que se pode chamar, um breve alfacinha
Sócio da colectividade 1885 do 3 de Agosto,
Natural do 1º - setenta e sete, em Marvila,
E amante do palco, teatro da vida imposto.
Perdido na noite de luxúria e devassidão
Apaixonado do Cais do Sodré e Bairro Alto,
Entreguei-me à primeira concubina ali à mão.
Provador da noite, no interdito calor das vidas,
De dia um cidadão comum, do bairro sossegado,
Uma cara à face da lei, noutras proibidas.