O OURO DAS ARTES

Na luta de um artesão contra a arte eu disse:

Dou-te, ourives, este ouro puro.

E pensava em encontra-lo, no futuro,

A forjar na sua oficina uma sandice...

Sei que podes dar-lhe a vida – disse eu,

Lapidas com astúcia esse coitado.

O ourives foi dizendo: o desgraçado

É nada mais nada menos que um Romeu

A quem Shakespeare o fez eternizado...

E eu retruquei: - Um Romeu Mal moldurado!

Mas eis que no final veio prometeu:

E ateou fogo no ser desengonçado,

E o encheu de amor, de vida e fado.

E no ouro a arte vil apareceu.

Geraldo Altoé
Enviado por Geraldo Altoé em 18/07/2011
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