O OURO DAS ARTES
Na luta de um artesão contra a arte eu disse:
Dou-te, ourives, este ouro puro.
E pensava em encontra-lo, no futuro,
A forjar na sua oficina uma sandice...
Sei que podes dar-lhe a vida – disse eu,
Lapidas com astúcia esse coitado.
O ourives foi dizendo: o desgraçado
É nada mais nada menos que um Romeu
A quem Shakespeare o fez eternizado...
E eu retruquei: - Um Romeu Mal moldurado!
Mas eis que no final veio prometeu:
E ateou fogo no ser desengonçado,
E o encheu de amor, de vida e fado.
E no ouro a arte vil apareceu.