Mar garimpeiro
Trago buquês de espuma entre meus braços
feridos dos espinhos dos naufrágios.
Sou uma rara antologia de presságios
esculpida em areia, sulcos, traços,
e a totalização desses pedaços,
postos para secar entre os contágios
das réplicas fingidas de outros plágios,
avança e toma todos os espaços.
Sou o espelho que reflete meu espanto,
denso e perene acúmulo do pranto
de quanta lágrima até aqui chorada.
Sou mar de natureza garimpeira
passando sempre a areia na peneira
e extraindo apenas sol e sal; mais nada.
(Soneto originalmente publicado em www.primeiroprograma.com.br/site
em maio de 2011).