Soneto à Mulher Prestante

Quando olho essa mulher - que ombro a ombro

Batalha ao meu lado, e pena e atura,

Que mesmo na desgraça tem bravura,

E, altiva, ostenta a fronte em desassombro -,

Eu vejo uma menina que me chama,

Que é doce, meiga, e chora por abrigo

Em meu peito ao sentir-se em perigo,

Pois tem o toque frágil de quem ama.

E, mesmo que acaso o olhar eu volva,

Mesmo que toda a força eu perca, ou vá -

Forçado - à noite, errando sem caminho,

Sei que quando voltar, quando uma vez

Mais meu olho avistar sua altivez,

Seu duplo ser, verei também meu ninho.

(www.eugraphia.com.br)

Leonardo Antunes
Enviado por Leonardo Antunes em 05/12/2006
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