Soneto da Flor Serena

O que são as escarpas verdejantes?

De que valem os lagos, as montanhas,

Os longos prados por onde os rebanhos

Vão tranqüilos a plagas tão distantes?

Para que o frescor do céu, se antes

Que se possa dar conta, todo o ganho

De um dia vencido a duros lanhos

Se estremece quando a noite perante?

Por que a vida se só a morte é eterna?

Por que lutar a dor de quem se esgana

Por migalhas no chão de uma taberna?

E olho para ti, florzinha plana,

E pergunto-me: "Como, neste inferno,

Ainda tens o ardor de quem se ufana?"

(www.eugraphia.com.br)

Leonardo Antunes
Enviado por Leonardo Antunes em 05/12/2006
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