Soneto da Flor Serena
O que são as escarpas verdejantes?
De que valem os lagos, as montanhas,
Os longos prados por onde os rebanhos
Vão tranqüilos a plagas tão distantes?
Para que o frescor do céu, se antes
Que se possa dar conta, todo o ganho
De um dia vencido a duros lanhos
Se estremece quando a noite perante?
Por que a vida se só a morte é eterna?
Por que lutar a dor de quem se esgana
Por migalhas no chão de uma taberna?
E olho para ti, florzinha plana,
E pergunto-me: "Como, neste inferno,
Ainda tens o ardor de quem se ufana?"
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