GUME DA ESPADA

Claudicante, perdido no vale de agruras

deste meu desviver sob os dias pesados,

encharcando os resquícios de força em tristuras

que gotejam dos meus sentimentos castrados...

Rastejante, com a alma riscada em suturas

que, de frouxas, não fecham canais supurados,

delirando de dor nos porões das loucuras,

vou penando aos ardores dos dons estuprados...

Uma angústia profunda me bate a chibatas

de ambições, egoísmos e ações correlatas...

E nos ossos dos nervos o gume da espada!

Cego à luz que viceja de sol esta Terra,

meu sentido de vida na treva se encerra

e se apaga, derrete e se espalha no nada.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 15/07/2011
Código do texto: T3096249
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